quinta-feira, 13 de maio de 2010

A visão do mundo.


Na cultura Africana e Afrodescendente são importante os ritmos, não apenas musicais, mas os diversos contidos nas matemáticas, nas formas de geometrias e desenhos (Gerdes - 1993), na arte, nos mitos e nas formas de falar e fazer literatura. As circularidades são importantes nas concepções africanas. Na visão Africana os seres excutam um contínuo ir e vir entre existências diversas. Estas representações circulares englobam a idéia de cabeça como centro da existência humana e de comunidade como motivo principal das existências humanas. Nas concepções africanas, o universo e a terra sempre foram concebidos como esféricos e em movimento. Fato que deu uma organização diferente no passado das astronomias Africanas com relação às Européias. Em algumas sociedades as circularidades aparecem na disposição das casas no espaço urbano e mesmo na sua forma construtiva. A ancestralidade e o respeito devido aos ancestrais são definidores de uma concepção de sociedade africana.

A Palavra e o respeito que se tem a esta também definem marcas importantes na sistematização e compreensão do pensamento. A Palavra é uma fonte de criação, dada a sua importância em alguns grupos de pensamento filosófico Africanos onde o conhecimento deve ser transmitido de forma oral. Tal preceito esta nas filosofias Yorubás e Bantos e foram conservadas no Brasil na transmissão de conhecimento nos terreiros de religiões de base Africana. Devemos marcar que mesmo os diversos recursos de escritas existentes no passado Africano não substituíram a importância da oralidade como conceito e método. Os textos, O mundo se despedaça do escritor Nigeriano Achibe Achebe (Achebe - 1983) e Sundjata ou a Epopéia Mandinga do doma (homem do saber) e também professor universitário Senegalês Djibril Niane (Niane - 1982), são indispensáveis para esta introdução ao pensamento Africano, somados a eles também recomendamos Na Casa de Meu Pai, de Kwame Appiah (Appiah - 1997) e Muntu :African Culture and Western World de Janheinz Jahn (Jahn - 1990)

O traje africano

Poderíamos materializar a exemplificação dessa Introdução a História Africana para Educadores através de diversos conteúdos e procurando alguma interdisciplinaridade. Poderíamos também fazê-lo de formas especificas e concentradas em áreas como na literatura, nas artes, nas tecnologias, na filosofia ou na botânica. Sim, botânica. São inúmeras as espécimes transplantadas da África para o Brasil, por motivos diversos: econômicos, religiosos, sanitários e hábitos africanos como a culinária ou os símbolos de status social e de poder. A utilização das literaturas africanas e o trânsito transformador para produção brasileira nos é dado pela boa abordagem no texto de Luis Carlos Santos. Sobre as artes temos alguns textos dentro os quais se destacam os da Heloisa Leuba, sobre A Grande Estatuária Sange do Zaire (Salum - 1990) e o da Cecília Calaça, com O Fenômeno da Arte Afrodescendente nas Obras de Artista Contemporâneos (Calaça - 1998 ). Nesta disciplina introdutória tomamos "O Traje Africano" como forma de materialização e exemplificação de conceitos e diversidade cultural africana, como também do elo África - Brasil. A escolha foi proposital, pois sobre a idéia dos africanos vindo das tribos dos homens nus repousa vários dos preconceitos do imaginário social brasileiro sobre a África, Africanos e nós Afrodescendentes. A nudez do escravizado no Brasil é apresentada simbolicamente como a de uma possível ausência de cultura e de civilização. As imagens dos livros didáticos de história do Brasil reforçam esta imagem geradora de preconceitos e de reducionismo do pensar a história. Deixam de apresentar as diversidades de imagens que temos de Africanos e Afrodescendentes em situações variadas no período do escravismo criminoso no Brasil. Com mais detalhes falamos dessa relação da Imagem e Imaginário na História Africana e do Brasil em um texto recente ( Cunha Jr.- 2001 ).

Começamos a história dos teares e das manufaturas têxteis no continente africano na história antiga do Egito e das histórias da África Ocidental, anterior a grande expansão predadora Européia na África. Sobre esta última e intimamente ligada a colonização africana no Brasil apresentamos as técnicas, estilos e importância da produção. Tomamos imagens e fotografias de trajes da África e depois de trajes de Africanos e Descendentes no Brasil, vindo até hoje no que restou das roupas das Baianas, das Congadas e Maracatus e das Religiões de base Africana. Os trajes da atualidade compuseram um rico discurso palpável visto que a professora Vanderly esteve neste ano no Mali, país da África Ocidental e trouxe esplendida coleção de roupas que deixou os participantes do curso admirados. "Ah a roupa Africana é assim! Puxa e nós que fizemos um desfile africano na escola totalmente desinformado fazendo amarrações de panos enrolados nas pessoas e pensando que aquilo fossem roupas do continente, estilizadas".

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