quinta-feira, 13 de maio de 2010

Arte Africana
(cultura material)



As artes plásticas da África que se vê nos livros e coleções são produtos desenvolvidos ao longo de séculos. Sejam esculpidos, fundidos, modelados, pintados, trançados ou tecidos, os objetos da África mostram a diversidade de técnicas artísticas que eram usadas nesse continente imenso, e nos dão a dimensão da quantidade de estilos criados pelos povos africanos.

Tais estilos são a marca da origem dos objetos, isto é, cada estilo ou grupo de estilos corresponde a um produtor (sociedade, ateliê, artista) e localidade (região, reino, aldeia). Mesmo assim, deve-se lembrar que os grupos sociais não podem ser considerados no seu isolamento, e, portanto, é natural que a estética de cada sociedade africana compreenda elementos de contato. Além disso, cada objeto é apenas uma parte da manifestação estética a que pertence, constituída por um conjunto de atitudes (gestos, palavras), danças e músicas. Isso pode determinar as diferenças entre a arte de um grupo e de outro, tendo-se em vista também o lugar e a época ou período em que o objeto estético-artístico era visto ou usado, de acordo com a sua função.

Portanto, a primeira coisa a reter é que, na África, cada estátua, cada máscara, tinha uma função estabelecida, e não eram expostas em vitrines, nem em conjunto, nem separadamente, como vê-se dos museus. Outra coisa deve ser lembrada: a arte africana é um termo criado por estrangeiros na interpretação da cultura material estética dos povos africanos tradicionais, diferente das artes plásticas da África contemporânea que se integram no circuito internacional das exposições.

Se hoje ainda há uma produção similar aos objetos tradicionais, ela deve-se no maior das vezes às demandas de um mercado turístico, motivado pela curiosidade e exotismo.

Com referência aos objetos muito semelhantes aos tradicionais ainda em uso em rituais religiosos ou festas populares há, assim como no Brasil, na África atual, uma cultura material, que, apesar de sua qualidade estética, é considerada, também pelos africanos de hoje, "religiosa" ou "popular" nos moldes ocidentais, onde o antigo e moderno são historicamente discerníveis. Isso não quer dizer, no entanto, que, através de conteúdos e símbolos, a arte africana atual não esteja impregnada do tradicional, ainda que se manifestando em novas formas. Ao contrário, as especificidades da estética tradicional africana é visível também, nos dias atuais, nas produções artísticas dos países de fora da África, principalmente daqueles, como o Brasil, cuja população e cultura foram formadas por grandes contingentes africanos.

Neste texto tratar-se-á sempre dessas produções realizadas pelos africanos antes da ruptura entre tradição e modernidade. Daqui para frente, deve-se relativizar o uso do tempo verbal, e lembrar que a expressão arte africana é, queira-se ou não, um reducionismo inventado por estrangeiros, mas que está cristalizada entre nós, relativa a toda produção material estética da África produzida antes e durante a colonização, até meados do século XX, trazida à Europa por viajantes, missionários e administradores coloniais.

Não seria difícil encontrar nessa arte africana alguns elementos de aproximação com os de correntes da arte ocidental, do naturalismo ao abstracionismo. Mas esse tipo de comparação não é capaz de desvendar o verdadeiro sentido da arte africana tradicional, porque esta não foi feita para ser realista ou cubista, isto é, ela não era um exercício de reflexão sobre a forma, ou sobre a matéria, como nas artes plásticas entre nós. Apesar disso, pode-se identificar na arte africana os elementos que permitiram a artistas, como Picasso, a revolucionar a arte ocidental.

O cubismo, portanto, é uma invenção intelectual dos europeus, que nada tem a ver com a intenção dos africanos: enquanto no cubismo a representação do objeto se dá de diversos pontos de vista, em diversas de suas dimensões formais ao mesmo tempo, a estética africana busca, ao contrário, uma síntese do objeto ou do tema construído materialmente, plena de objetivo, inspiração e conteúdo.

Uma estátua não representa, normalmente, um Homem, mas um Ser Humano integral, que tem uma parte física e espiritual - do passado e do futuro. Tem, por isso, um lado sagrado, ligado às forças da Natureza e do Universo. Uma máscara ou uma estátua concentram forças inerentes do próprio material de que são constituídas, ou que comportam em seu interior ou superfície, além de sua própria força estética. Elas não têm, portanto, uma função meramente formal.



Porta de celeiro, arte dogon, Mali,
acervo MAE-USP
Ainda assim, pode-se observar que algumas produções são mais realistas ou mais geométricas. O realismo ocorre com frequência nas estátuas, talvez por seu caráter representativo (de uma figura humana, da imagem onírica de um antepassado), enquanto que o geometrismo aparece muito nas máscaras, principalmente naquelas que representam espíritos e seres sobrenaturais, melhor dizendo, o desconhecido (mas existente no plano consciente e inconsciente). Mesmo assim, nada disso permite dizer ou não é isso que determina haver uma linha divisória clara entre uma forma e outra, ou um estilo e outro.

Mas pode-se distinguir uma arte produzida na África ocidental e a produzida na África central. E dentro dessas grandes áreas geográficas, pode-se distinguir estilos seja pelos detalhes, seja pelo tema ou tipo do objeto produzido. Por exemplo, as produções artísticas dos Dogon e Bambara são muito distintas embora situadas, por alguns autores, dentro de uma mesma faixa estilística (chamada de "sudanesa"), já que elas apresentam uma certa continuidade formal ou temática, além do fato de que tais sociedades ocupam territórios contíguos permeados por identidades históricas, geográficas e ambientais. No entanto, as portas de celeiro são renomadas entre os Dogon, e o tema do antílope é mais reconhecido, embora não exclusivo, na arte Bambara.

Topo de máscara "tyi-wara", arte
bambara, Mali, acervo MAE- USP
Esse tipo de objeto (porta de celeiro) e esse tema (antílope) celebram a arte dos Dogon e dos Bambara respectivamente não apenas porque foram encontrados em abundância entre eles, mas também porque são considerados por esses povos como signos específicos de sua cultura em circunstâncias dadas na sua tradição oral.

É oportuno lembrar que a distinção entre os estilos só pode ser determinada por uma série de estudos interdisciplinares que apoiam a análise morfo-estilística. Entre essas disciplinas estão a arqueologia e etno-história, que, apesar de suas especificidades, estão intimamente ligadas à etnografia e à Antropologia.

Os procedimentos técnicos e a matéria-prima usados na produção material podem "falar" muito sobre o estilo, assim como sobre o meio ambiente em que determinadas sociedades vivem. A madeira era muito usada nas regiões de floresta. É por isso que a estatuária africana está concentrada na chamada África ocidental e na África central, regiões onde predominava a floresta equatorial e tropical, e onde se conservam apenas partes dela hoje em dia.


Ilustração das etapas da fundição de um par de "edan"
pela técnica da cera perdida, arte ogboni/ioruba,
Nigéria, acervo MAE-USP
O uso do metal, embora tenha sido corrente em todo o continente, caracterizou as produções artísticas da savana, onde floresceram grandes reinos, tanto na África ocidental quanto na central, onde a arte era fundamentalmente ligada à organização social e política, a serviço de mandatários, através de ateliês oficiais - caso da chamada "arte de côrte" de Ifé e Benin ou da escultura da associação Ogboni feita pelo sofisticado processo de fundição pela cera perdida.

Junto a essas produções de metal devemos mencionar a escultura em marfim, renomada não apenas entre povos do Golfo da Guiné e do Benin (como os ioruba) mas também entre os da embocadura do Rio Congo (como os Bakongo), que desde o século XV era requerida pelos "gabinetes de curiosidade" da Europa. Bruto ou trabalhado, o marfim, assim como o cobre, era considerado precioso em todas as sociedades africanas, desde muito antes do tráfico (desde a antiguidade, pelo Vale do Nilo e pelo Saara), mas é certo que o contato com o mundo ocidental, desde o Renascimento europeu, promoveu um desenvolvimento de uma arte africana em marfim já voltada para o comércio e turismo como a da atualidade.

Montagem de objetos utilitários com decoração
típica, arte kuba, Republica Democrática do Congo,
acervo MAE-USP
Outras artes, como a cerâmica, cestaria, adornos corporais, eram feitas tradicionalmente por todas as sociedades, respondendo às necessidades cotidianas e rituais, sendo que podemos destacar algumas em que essas técnicas eram mais usadas do que a escultura, de acordo com o modelo de organização social e as formas de expressão estética. Nesses casos, os recursos gráficos eram mais aplicados do que os recursos representativos da escultura. Aqui podem ser compreendidos, particularmente, os produtos de sociedades situadas em regiões semi-áridas, que, em busca periódica de novos territórios, não podiam transportar com facilidade bens móveis de grande porte. Mas às vezes esses modelos de análise se mostram arbitrários, pois a arte decorativa pode imperar também onde as figurativas e realistas são muito destacadas, e onde a produção estética está voltada à legitimação de um poder monárquico e centralizado como dos Bakuba, e que também comporta uma importante estatuária.

Assim, o material nem sempre era usado por sua abundância ecológica e a escolha do material não era arbitrária: como o objeto que iria ser produzido, o material tinha um valor simbólico em cada centro de produção. Algumas máscaras e estátuas deveriam ser esculpidas em madeira de árvores determinadas; a confecção de adornos implicava no uso de determinadas fibras e sementes, e, em alguns casos, de tipos diferentes de contas, se não de um tipo de liga metálica, de marfim e outros materiais de origem inorgânica e animal.

Certos detalhes morfológicos dos objetos, como a posição, o tamanho, a distribuição de cores, entre outros, são características diferenciais do estilo com que cada sociedade representa uma forma e um tema. Mas existe uma série de características culturais comuns entre os povos da África e diversas das de sociedades de outros continentes que permeiam suas artes tradicionais de uma forma singular: seus sistemas de pensamento e de crenças.


caltura Imaterial

A herança imaterial



A UNESCO tem como objectivo proteger e fomentar a «riqueza da diversidade das culturas do mundo». Neste sentido se tem de entender o alargamento em curso do conceito de «património», por longo tempo associado à ideia de monumentos ou bens culturais, como quadros, esculturas, móveis..., isto é, o assim chamado património cultural material. Consequentemente, países em que a expressão artística dominante era de tipo diferente (teatro, música, dança, rituais) acabavam por não ser tidos em consideração.

A progressiva mudança de sensibilidades conduziu, em 1989, à redacção, por parte da UNESCO, da Recomendação para a protecção da cultura tradicional e popular. É um passo em frente em direcção a uma humanidade mais vasta, com vitalidade expressiva não elitista e longe das preciosidades materiais e das monumentalidades formais tradicionalmente favorecidas. Mas a autêntica reviravolta deu-se em 2001, ao catalogarem-se as primeiras 19 obras de arte do património cultural imaterial. Nessa ocasião, o Presidente do Mali, Alpha Konaré, afirmou que, finalmente, se estava a abrir uma maior oportunidade às culturas africanas. «Nós (em África) poderemos assim afirmar a nossa expressão como povo, e a África poderá fazer ouvir a sua voz.»



CULTURA IMATERIA DA BAHIA
O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional), uma autarquia do Governo do Brasil, vinculado ao Ministério da Cultura, é o órgão responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível, do país. Em 2004 o Samba de Roda foi tombado como Patrimônio Imaterial. Em 2006 foi a vez do Acarajé (não o quitute em si, mas o saber, o modo de fazer? Um costume passado de geração em geração pelas baianas do Acarajé) e em 2008, a Capoeira.

Patrimônio cultural imaterial (ou patrimônio cultural intangível) é uma concepção de patrimônio cultural que abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições.



Vamos conhecer cada um desses patrimônio Imateriais.:

A capoeira

Raízes africanas

A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.
Samba de Roda:

O Samba de Roda, como o próprio nome diz, se caracteriza por uma roda em que as mulheres, e também os homens, começam a sambar de tal forma, que todos os capoeiristas presentes acabam entrando no samba. As rodas são sempre animadas e cheias de alto astral e nelas, as mulheres mostram toda sua sensualidade de uma maneira graciosa. Geralmente, o Samba de roda começa após o encerramento das rodas de capoeira gerando a descontração de todos. Na Bahia, o Samba de Roda é feito em diversos lugares e ocasiões, porém, são muito comentadas aquelas que acontecem nas festas de largo de Salvador. Em alguns terreiros de samba de candomblé como o da Mãe Alice (na Bahia), o Samba de Roda pode ser visto e apreciado na sua forma mais tradicional. As famosas baianas da Mãe Alice como Nita, Edinha, Marinalva, Joselita, entre outras, fizeram parte da chamada TURMA DE BIMBA, nos anos 50 e 60.

A visão do mundo.


Na cultura Africana e Afrodescendente são importante os ritmos, não apenas musicais, mas os diversos contidos nas matemáticas, nas formas de geometrias e desenhos (Gerdes - 1993), na arte, nos mitos e nas formas de falar e fazer literatura. As circularidades são importantes nas concepções africanas. Na visão Africana os seres excutam um contínuo ir e vir entre existências diversas. Estas representações circulares englobam a idéia de cabeça como centro da existência humana e de comunidade como motivo principal das existências humanas. Nas concepções africanas, o universo e a terra sempre foram concebidos como esféricos e em movimento. Fato que deu uma organização diferente no passado das astronomias Africanas com relação às Européias. Em algumas sociedades as circularidades aparecem na disposição das casas no espaço urbano e mesmo na sua forma construtiva. A ancestralidade e o respeito devido aos ancestrais são definidores de uma concepção de sociedade africana.

A Palavra e o respeito que se tem a esta também definem marcas importantes na sistematização e compreensão do pensamento. A Palavra é uma fonte de criação, dada a sua importância em alguns grupos de pensamento filosófico Africanos onde o conhecimento deve ser transmitido de forma oral. Tal preceito esta nas filosofias Yorubás e Bantos e foram conservadas no Brasil na transmissão de conhecimento nos terreiros de religiões de base Africana. Devemos marcar que mesmo os diversos recursos de escritas existentes no passado Africano não substituíram a importância da oralidade como conceito e método. Os textos, O mundo se despedaça do escritor Nigeriano Achibe Achebe (Achebe - 1983) e Sundjata ou a Epopéia Mandinga do doma (homem do saber) e também professor universitário Senegalês Djibril Niane (Niane - 1982), são indispensáveis para esta introdução ao pensamento Africano, somados a eles também recomendamos Na Casa de Meu Pai, de Kwame Appiah (Appiah - 1997) e Muntu :African Culture and Western World de Janheinz Jahn (Jahn - 1990)

O traje africano

Poderíamos materializar a exemplificação dessa Introdução a História Africana para Educadores através de diversos conteúdos e procurando alguma interdisciplinaridade. Poderíamos também fazê-lo de formas especificas e concentradas em áreas como na literatura, nas artes, nas tecnologias, na filosofia ou na botânica. Sim, botânica. São inúmeras as espécimes transplantadas da África para o Brasil, por motivos diversos: econômicos, religiosos, sanitários e hábitos africanos como a culinária ou os símbolos de status social e de poder. A utilização das literaturas africanas e o trânsito transformador para produção brasileira nos é dado pela boa abordagem no texto de Luis Carlos Santos. Sobre as artes temos alguns textos dentro os quais se destacam os da Heloisa Leuba, sobre A Grande Estatuária Sange do Zaire (Salum - 1990) e o da Cecília Calaça, com O Fenômeno da Arte Afrodescendente nas Obras de Artista Contemporâneos (Calaça - 1998 ). Nesta disciplina introdutória tomamos "O Traje Africano" como forma de materialização e exemplificação de conceitos e diversidade cultural africana, como também do elo África - Brasil. A escolha foi proposital, pois sobre a idéia dos africanos vindo das tribos dos homens nus repousa vários dos preconceitos do imaginário social brasileiro sobre a África, Africanos e nós Afrodescendentes. A nudez do escravizado no Brasil é apresentada simbolicamente como a de uma possível ausência de cultura e de civilização. As imagens dos livros didáticos de história do Brasil reforçam esta imagem geradora de preconceitos e de reducionismo do pensar a história. Deixam de apresentar as diversidades de imagens que temos de Africanos e Afrodescendentes em situações variadas no período do escravismo criminoso no Brasil. Com mais detalhes falamos dessa relação da Imagem e Imaginário na História Africana e do Brasil em um texto recente ( Cunha Jr.- 2001 ).

Começamos a história dos teares e das manufaturas têxteis no continente africano na história antiga do Egito e das histórias da África Ocidental, anterior a grande expansão predadora Européia na África. Sobre esta última e intimamente ligada a colonização africana no Brasil apresentamos as técnicas, estilos e importância da produção. Tomamos imagens e fotografias de trajes da África e depois de trajes de Africanos e Descendentes no Brasil, vindo até hoje no que restou das roupas das Baianas, das Congadas e Maracatus e das Religiões de base Africana. Os trajes da atualidade compuseram um rico discurso palpável visto que a professora Vanderly esteve neste ano no Mali, país da África Ocidental e trouxe esplendida coleção de roupas que deixou os participantes do curso admirados. "Ah a roupa Africana é assim! Puxa e nós que fizemos um desfile africano na escola totalmente desinformado fazendo amarrações de panos enrolados nas pessoas e pensando que aquilo fossem roupas do continente, estilizadas".

Religião

As religiões afro-brasileiras, durante o fim do século passado e parte da metade deste, foram perseguidas e reprimidas pela polícia. Isto se devia ao fato de que o uso de tambores, as danças, os transes, os sacrifícios de animais, a ênfase em melhorar a vida dos adeptos através de meios sobrenaturais (adivinhação, oferendas, trabalhos) eram todos elementos que caracterizavam a religiosidade africana, mas não coincidiam com a visão dominante, branca e católica do que deveria ser uma religião. Seus praticantes, negros e pertencentes às camadas sociais mais baixas, desprovidos de poder político, não podiam opor argumentos à visão racista que os considerava, junto com suas manifestações culturais, um estigma do qual a sociedade brasileira deveria livrar-se para "progredir".
Durante a segunda metade do século passado, o Espiritismo de Allan Kardec se populariza na sociedade brasileira. Nas classes baixas, mistura-se com as práticas afro-brasileiras, influindo enormemente sobre elas. Surge assim a Macumba carioca, o Candomblé de Caboclos baiano etc. Nas classes médias, impõe-se uma versão mais ortodoxa do Kardecismo.
Durante meados da década de 20, um grupo de homens de classe média, brancos, de procedência espírita, insatisfeitos com o que consideravam uma ênfase desproporcional dada aos aspectos doutrinário e intelectual por parte do Kardecismo, começam a freqüentar os centros afro-brasileiros da periferia. Somando à sua bagagem espírita uma ênfase no utilitário e em diferentes aspectos do colorido ritual desses centros, criam uma nova religião que denominam Umbanda (Brown, 1977, p. 33). Esta "Umbanda Branca,", ou "Pura", como é apresentada, elimina elementos de origem africana desses centros: sacrifícios de animais, oferendas materiais, tambores, danças. Estes aspectos, aos quais consideravam "primitivos", chocavam-se com seus valores de classe média.
Esse grupo, a partir de uma casa mãe, começa a fundar outros centros e, em 1939, cria a primeira Federação de Umbanda, com o objetivo de proteger seus filiados contra a perseguição da polícia. Em 1941, realizam o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda, no qual propuseram-se a codificar o ritual e a ideologia umbandistas e deram sua versão da origem da mesma, remontando às antigas civilizações da índia ou do Egito (e não da África, porque, aqui, na opinião deles, os grupos só possuíam uma cultura "rudimentar") (Brown, 1977, p. 34).
Essa religião, já "brasileira" e expurgada do "afro", durante certo tempo vê-se restrita, majoritariamente, a núcleos de classe média.

Algumas comidas afro-brasileiras:


Acarajé
Bolo de feijão-macaça temperada e moída com camarão seco, sal e cebola,frito com azeite de dendê.
Mungunzá
Alimento preparado com milho em grão e servido doce(com leite de coco) ou salgado (com acompanhamento de carne -de-sal/ ou torresmo) com leite.
Vatapá
Papa de farinha-de-mandioca com azeite de dendê e pimenta, servida com peixe e crustáceos.
Aluá
Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.


Comidas típicas


Cuscuz
É uma herança dos povos islamizados da África ,e é composto de farinha de trigo ou de arroz e servida com carne e verdura, já as nossa cozinheiras introduziram leite de vaca e leite de coco mais carne-seca e o torresmo como complemento.

Acarajé
Bolo de feijão-macaça temperado temperado e moído com camarão seco, sal cebola, frito em azeite-de dendê.

Abará
Bolo de feijão-macaça preparado com azeite-de-dendê, envolvido em folha de bananeira e cozido em banho-maria.

Arroz-de-hauçá
Arroz cozido em apenas em água, que pode ser servido com picadinho de carne-seca frita com molho de pimenta. 2.sem o molho de pimenta, comida oferecida ao orixá oxalá.

Bobó

Pequeno bolo de massa de feijão mulatinho cozido em água, com sal e banana-terra, a que se junta azeite-de-dendê, podendo ser comido com farinha-de-mandioca.

Caruru
Comida feita a base de quiabo cortado, fervido e temperado com camarões secos, azeite-de-dendê, cebola e pimenta.

Feijoada magra


Ingredientes

100 gr de lombo de porco Sadia
150 gr de lombo de porco salgado
100 gr de carne seca
150 gr de Feijão Preto Camil
2 folha(s) de louro
quanto baste de cheiro-verde
1 unidade(s) de cebola
4 dente(s) de alho picado(s)ver vídeo
1 colher(es) (sopa) de margarina Qualy Light Sadia

Modo de preparo
Deixe o feijão de molho na água de véspera. Em separado, deixe as carnes salgadas de molho em água, também de véspera, trocando várias vezes a água durante este período. No dia, ferva as carnes salgadas e jogue a água fora. Ferva novamente. Se a água ainda estiver engordurada, basta colocá-la, já fria, no freezer ou geladeira. A gordura se solidificará na superfície, podendo ser facilmente removida com uma colher. Renovar e tornar a ferver. Esta água será aproveitada para o cozimento da feijoada. Cozinhe o feijão, adicione um refogado feito em frigideira antiaderente, sem óleo, com a cebola, o alho, o cheiro-verde, o louro e as carnes em pedaços. Verifique o sal e sirva.

Culinária Afro-Brasileira

Hábitos alimentares dos africanos

A herança alimentar dos africanos: são as comidas misturadas na mesma panela. Saiu-se do hábito de assar, para o cozinhar os ingredientes. O arroz com alguma coisa junto, o amendoim com outra coisa. O “cozido” junto nas panelas vem da culinária escrava africana. Esta culinária, pela criatividade das cozinheiras escravas, melhorou pelo cozimento de todos os produtos que o índio comia. Houve grande uso do fubá, da farinha, da rapadura, da goma, do polvilho. Uma herança baseada nos carboidratos, nos cozidos, nas massas e caldos.
Em Minas preparava-se a galinha ou porco com canja, a galinhada. A galinha de angola trazida por africanos, o porco do mato caçado por fazendeiros e o porco doméstico criado com as sobras das casas, deram início a uma comida rica em energia e gorduras. Na Bahia, a riqueza das muquecas, do azeite de dendê, leite de coco, tudo na mesma panela. Por ter um grande espaço territorial e diferenciadas culturas, os habitantes do continente africano têm diferentes dietas ou hábitos alimentares.
Existem muitas regiões onde a culinária tem influência muito forte de outros lugares, como por exemplo a África do Sul que teve colonização britânica e holandesa o que deixou algumas semelhanças com o cardápio europeu.
Em algumas áreas da África sub-saariana onde é comum a agricultura, como Quênia e Uganda, a comida é baseada em vegetais típicos e se faz grande uso também do inhame e de seus tubérculos, preparados com amendoim, castanhas e amêndoas e seus óleos, acompanhados geralmente por peixe ou camarão, já que carnes de outros animais são mais caras e por isso são mais usadas em comemorações especiais.
Usam também alguns tipos de feijão, milho, batata, coco, azeites e pimentas. Ao norte da África, tem-se o hábito da plantação do trigo, e vários países de cultura muçulmana que trazem também os hábitos alimentares de sua região diferenciando muito da culinária de outros países do continente.
Podemos encontrar aqui no Brasil, na Bahia, muitos ingredientes bastante usados na culinária africana, como o dendê, o leite de coco, a banana da terra e o quiabo, e pratos como o quibebe, o acarajé, mungunzá e o vatapá, o que torna a comida baiana uma maneira de se aproximar da cultura da grande África.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Curiosidades da Nossa Cultura Afro-Brasileira


De tão bem vestidas, as negras da irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte arrancaram aplausos entusiasmados de milhares de pessoas no desfile do 4º centenário de Salvador, em 1949. Impressionado com os torços, saias rendadas, cordões e brincos de ouro, Odorico Tavares classificou a passagem desse grupo de “pretas baianas, de idade avançada, caminhando serena e nobremente, como se fossem autênticas rainhas” como o maior momento do cortejo.

Roupa é assunto tão sério que o termo “mulher de saia”, na década de 30, designava um grupo de baixo poder aquisitivo, que se opunha às mulheres de vestido. Talvez como vingança às más línguas que apontavam com desdém e pena as mulheres que precisavam trabalhar, aquelas que se destacavam no ramo respondiam com luxo às críticas.

Comerciantes de sucesso, desbravaram mercados, cozinharam, lavaram, costuraram e muitas juntaram dinheiro suficiente para comprar boas roupas e jóias de ouro reluzente. Surgiam, assim, as famosas negras do partido-alto.

A roupa usada por elas nos dias de festa, o traje de crioula, deu origem ao vestuário da baiana de acarajé.

Da rua e das irmandades para o interior dos terreiros, o cuidado com a forma de se vestir é o mesmo.

No candomblé, a divindade traz a energia fundamental, o axé, através do corpo do iniciado. Para recebê-lo, há trajes com cores e peças específicas, além de acessórios como ferramentas e fios de contas. Juntos, eles narram a história de cada entidade.

Ajudam a contar, através dos movimentos da dança, os atos heróicos e exemplares do orixá.

Roupas usadas pelas vendedoras de comidas típicas africana e baiana em Salvador - Bahia



cultura material e nao material africana

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Contribuição na linguagem


Vocabulário:

• A mão-de-obra escrava africana tornou-se a base da sociedade colonial. A inserção da população negra na sociedade se deu pelo trabalho, base da organização econômica e da convivência familiar, social e cultural. Além de ser o motor da economia açucareira, os escravos exerciam dentro da casa-grande as funções domésticas, influenciando em muito a língua de seus senhores. Na formação do idioma falado no Brasil, os negros contribuíram não apenas com algumas palavras que enriqueceram o vocabulário, mas também e principalmente com a maneira de falar, com o jeito aberto e espontâneo de pronunciar as palavras.